sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Notícia divulgada pelo Blog do NAFAN na 2ª Feira foi difundida por diversos órgãos noticiosos regionais e nacionais

Reportagem de TEIXEIRA CORREIA para o JORNAL de NOTÌCIAS

Um árbitro e um árbitro-assistente, ambos bombeiros, reanimaram um jogador de futebol que fez uma paragem cardior-respiratória, na sequência de um choque acidental, quando procurava defender uma bola rematada por um adversário. Para a vítima, os "homens do apito" são uns heróis.O facto ocorreu no passado domingo, em Castro Verde, no decurso de um jogo do Campeonato Distrital de Iniciados, entre a equipa local e o Vidigueira, quando aos 34 minutos Tiago Resende, guarda-redes do Castrense, chocou com um adversário caindo inanimado no relvado sintético.
O árbitro do encontro, Silvério Albino, funcionário da Câmara de Ourique e chefe dos Bombeiros Voluntários locais (BVO), apercebeu-se da gravidade do lance e correu para o jogador, tendo de imediato contado com a colaboração de Mário Baptista, o árbitro-assistente, bombeiro assalariado dos BVO, que iniciaram as operações de reanimação. Após quatro longos minutos e três tentativas de reanimar o jogador, Tiago deu sinal de vida, sendo depois conduzido ao Hospital de Beja, de onde teve alta cerca das 15.30 horas de domingo, tendo já ontem regressado à escola. "A primeira impressão que tive foi que tinha o pescoço partido. Foi uma situação muito complicada, porque o pai do miúdo entrou em campo para socorrer o filho. Foi dramático", disse ao JN, Silvério Albino. Até à chegada da ambulância, os árbitros-bombeiros conseguiram "estabilizar o estado clínico do Tiago". Silvério Albino diz que os conhecimentos de primeiros socorros "foram decisivos para salvar o miúdo". "Num caso destes, com outros colegas sem conhecimentos de socorro, o desenlace teria sido trágico", afirma o árbitro, que considerou ter feito a melhor "arbitragem" da sua vida. "É gratificante salvar uma vida de 13 anos", concluiu Silvério Albino, que já foi árbitro-assistente da 2.ª categoria nacional.


Jogador perdeu a memória
Anacleto Resende, pai de Tiago e simultaneamente treinador de guarda-redes e seccionista da equipa de iniciados do clube, presenciou todo o drama. "Foi complicado, como dirigente, treinador e sobretudo como pai. Se não fossem os árbitros, hoje estaríamos a chorar um jovem, o meu filho", recordou, emocionado e agradecido, pela atitude. Sobre o estado de saúde do filho, Anacleto Resende referiu estar bem, mas "vai repousar do futebol durante 15 dias". "Foi-lhe apagada a memória dos acontecimentos de domingo, não se lembra de nada", disse, acrescentando que o filho já lhe confidenciou que "quer continuar a jogar e assim que possa vai voltar aos treinos". Pai e filho vão entregar aos árbitros uma lembrança simbólica, "que marque a recordação de uma vida salva num campo de futebol", revelou Anacleto.
A Direcção do Futebol Clube Castrense emitiu um comunicado onde "louva os préstimos" da equipa de arbitragem perante tão delicada situação, deixando um obrigado "por terem devolvido a vida ao nosso Tiago", dizem. Manuel Tomé, presidente do clube, refere que os árbitros são merecedores do reconhecimento "porque foram eles os heróis do jogo pela positiva", reconhecendo que na maior parte da vezes "não se reconhecem as responsabilidades" que têm dentro de campo, acrescentado que "enquanto bombeiros prestaram um verdadeiro serviço público". Apesar das críticas de Anacleto Resende sobre uma eventual demora da ambulância accionada pelo INEM, Silvério Albino desvaloriza a situação "O jogo esteve interrompido 11 minutos. Percebo a ansiedade do pai. Qualquer segundo parece uma eternidade", concluiu.