É um hábito de longa data, que dura desde que apitava nas camadas jovens. Embora agora o faça com menor frequência, Jorge Sousa tem um bloco de apontamentos onde regista todos os passos que dá antes e depois do jogo e, claro, também aponta como correu o referido jogo. Uma espécie de diário que serve para arquivar todos os dados relacionados com a carreira iniciada em 1993, subindo, oito anos depois, à categoria principal. Ou seja, se agora quiser recordar o que se passou num qualquer encontro dos Distritais, tem um arquivo pessoal com tudo o que lhe diz respeito.
Curiosamente, quando tinha 18 anos, Jorge Sousa esteve quase a desistir do curso que tirou no Núcleo de Árbitros do Vale de Sousa. Quem acabou por o demover foi Pedro Lamas, um árbitro assistente com quem fez equipa inúmeras vezes e que teve uma acção determinante na sua continuidade como árbitro.
Dono de uma empresa de venda de madeiras em Lordelo, concelho de Paredes, Jorge Sousa treina todos os dias no relvado do estádio do Aliados de Lordelo, o que passou a fazer desde que sofreu uma lesão. Contam os amigos que é muito caseiro e tem um comportamento discreto. Aliás, só não está mais tempo com a família porque o trabalho e a arbitragem não lhe permitem.
A personalidade do árbitro que, no Benfica-FC Porto, vai cumprir o seu segundo clássico - o primeiro foi, por coincidência, em 1 de Dezembro do ano passado, em Alvalade, na recepção do Sporting ao Benfica - ficou bem vincada ainda nos Distritais. Num célebre e "quente" Oliveira do Douro-Pedras Rubras, o internacional portuense não se deixou intimidar, quando, propositadamente, alguém lhe fez passar uma chuteira perto do nariz. Na segunda parte, não deixou de cumprir as regras, e houve quem logo ali lhe augurasse um futuro auspicioso. A verdade é que, aos 32 anos, já é internacional pela terceira época consecutiva, vai fazer o 65.º jogo na Liga principal e é considerado um dos melhores árbitros portugueses.
_
Carlos Carvalho - "Está entre os melhores é inteligente e capaz"
Carlos Carvalho é presidente do Conselho de Arbitragem da AF Porto há dez anos. Já era, por isso, responsável máximo daquele órgão, quando Jorge Sousa subiu dos Distritais aos Nacionais. "Pelo que fez na época passada e está a fazer na presente, está entre os três melhores árbitros portugueses. Tem muitas capacidades e inteligência. O que se espera é que os intervenientes no jogo não lhe dificultem a tarefa", diz Carlos Carvalho.
O presidente do CA da AF Porto deseja que Jorge Sousa "esteja ao seu nível e arbitre com muita calma". Mais. Felicita quem o nomeou e espera que no próximo sábado tenha motivos para também felicitar o árbitro. "Estou a contar, sinceramente, no sábado, por volta das dez da noite, telefonar-lhe ou enviar-lhe uma mensagem para lhe dar os parabéns pelo trabalho desenvolvido no Estádio da Luz", confidenciou.
_
TRIBUNAL OJOGO
Jorge Coroado
"Não tem sidomuito feliz"
"É um valor jovem, já afirmado, que esta época, nos jogos dirigidos, sem cometer gafes excepcionais, não tem sido muito feliz. É crível que, após reflexão e porque, além-fronteiras, tem obtido boas prestações, consiga agora, em jogo mediático, uma 'performance' igual à que mostrou em anos anteriores."
Rosa Santos
"Uma má nomeação"
"É uma má nomeação. Não pela qualidade do árbitro, mas por ser da mesma associação de um dos clubes participantes neste clássico. Não me venham cá com 'blá-blá-blá', porque sou contra as nomeações de árbitros para equipas do mesmo distrito, principalmente em jogos desta responsabilidade."
Soares Dias
"Uma grande arbitragem"
"Jorge Sousa é um árbitro internacional, que estava em condições de ser nomeado. Apesar de ser jovem, já está, de certa forma, rotinado nestes clássicos. Na época passada, fez o Sporting-Benfica e não se deu mal. À partida, estão reunidas as condições para fazer uma grande arbitragem."
António Rola
"em bom nível na época passada"
"É um jovem árbitro internacional, que esteve em bom nível na época passada. Independentemente de ser da associação de um dos clubes intervenientes, reúne todas as condições para arbitrar o jogo mais importante da jornada. Faço, por isso, votos para que seja um bom jogo e com uma arbitragem condizente."
in O Jogo
Gonçalo Jorge Mendes Martins, 
Foi num desses jogos entre o Pedrogao e o Sobral da Adiça, arbitrado por Jaime Vieira e coadjuvado por Dinis Gorjão e Marcelino Silva que nos apareceu no balneário este rapaz vestido com a farda de bombeiro (a sua profissão), a perguntar se era possível tirar o curso de árbitro, pois gostava muito de futebol, e queria experimentar este novo mundo. Foi então encaminhado para a A.F.Beja e participou no curso de Árbitros seguinte, orientado pelo eborense José Serra. Fez os primeiros jogos ainda antes de concluir o curso, na companhia de Carlos Vidonho e Luís Cesário, estávamos no início de 2003.
