quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Arquivo de Notícias: Mais um árbitro bejense no terceiro escalão nacional

Coimbra vai ter mais encanto…
António Coimbra foi o árbitro mais pontuado pelo Conselho Regional de Arbitragem da Associação de Futebol de Beja e ficou apto no acesso ao terceiro escalão nacional.
É indiscutivelmente, um dos bons valores da arbitragem distrital. Aos 28 anos e na sequência de um conjunto de épocas em que o seu trabalho revelou alguma regularidade, António Coimbra foi, esta temporada, eleito como Árbitro do Ano. A distinção, ou seja, o primeiro lugar no quadro de árbitros de primeira categoria distrital, projectou-o para os exames de acesso à terceira categoria nacional, oportunidade que aproveitou para, na temporada que aí vem, poder mostrar o seu valor noutros palcos de maior visibilidade. O jovem árbitro fala da sua experiência na arbitragem e dos projectos que tem em mente.
Foi apenas o Árbitro do Ano ou este foi o ano do António Coimbra?
Não considero que tenha sido o árbitro do ano, acho que este foi o ano do António Coimbra, pelo trabalho desenvolvido ao longo de uma época e por ter visto esse trabalho recompensado.
Pelo desempenho que lhe era habitual previa-se que este reconhecimento estava iminente?
Sim, já tinha pensado que poderia ter acontecido na época anterior, não consegui nessa altura, mas aconteceu este ano e cá estou na terceira divisão.
Esta foi a sua melhor época ou apenas uma das mais regulares?
Não considero que tenha sido a minha melhor época. Acho que a última foi melhor do que esta, mas, como se vê, esta deu mais frutos do que a anterior.
Os auxiliares influenciam o trabalho de um árbitro, está bem servido de árbitros assistentes?
Os árbitros assistentes são parte fundamental no trabalho de um árbitro. Este meu primeiro lugar não foi só meu, também é daqueles que ao longo da época fizeram equipas comigo. Não vou enumerar nomes, mas agradeço a todos aqueles que ao logo da temporada foram meus árbitros auxiliares.
Como é que se deixou seduzir pela arbitragem?
Tenho um irmão que já cá tinha andado, e então, por influência dele, desde muito cedo que esse bichinho começou a mexer também comigo. No futebol, como praticante, não levava muito jeito, por isso decidi dedicar-me a arbitragem. Já lá vão sete épocas, desde 1998.
Tem algumas referências na arbitragem nacional ou internacional? Apita à imagem de alguém?
Não, apito à imagem do António Coimbra, tenho um estilo próprio, embora procure seguir os bons exemplos que temos, quer ao nível nacional, como ao nível mundial, mas como árbitro sou o António Coimbra.
O primeiro passo está dado, foi a ascensão à terceira categoria nacional, mas é jovem e quer chegar até onde?
Vamos andando passo a passo. O primeiro está dado, que foi ter ficado apto nos exames de acesso à terceira divisão nacional, o segundo será manter-me nesse patamar e depois o resto logo se verá, o tempo o dirá.
Tem uma carreira ainda curta mas tem alguns momentos marcantes na sua actividade?
O momento que mais me marcou, positivamente, desde que ando na arbitragem, foi quando integrei os quadros de assistentes da segunda divisão nacional, fazendo equipa com o Teixeira Correia e com o Francisco Pardal, esse foi o momento mais marcante da minha carreira. Depois, em termos negativos, um jogo em Milfontes que me ficou na memória, quando fazia equipa com o Filipe Aurélio, e ele foi agredido. São momentos que ficam na memória, não deviam existir no futebol, mas ainda acontecem.
Está ansioso pelo início da próxima época ou vai encarar este novo passo de uma forma natural?
A terceira divisão não é novidade para mim. Vou encarar isto com normalidade, já estive alguns anos como assistente, fazendo jogos na terceira divisão, naturalmente que o primeiro jogo será sempre marcante, mas vou enfrentar isto com naturalidade.
Que análise lhe merece o estado da arbitragem distrital?
Ultimamente temos vindo a trabalhar bem. Parece-me que estamos no bom caminho e penso que dentro de quatro ou cinco anos podemos ter de novo um árbitro na primeira categoria nacional.
O António Coimbra?
Não, existem outros nomes com muito mais probabilidades de lá chegar do que o António Coimbra.
Actualmente existem alguns árbitros neste distrito com um valor muito prometedor?
Sim, temos bons árbitros e muitos jovens. Árbitros com muito valor, mas esse valor, só por si, pode não chegar. Esses jovens e bons árbitros que temos, terão que trabalhar muito para lá chegar e atingirem objectivos. Não basta apenas serem bons árbitros.
Como avalia a prestação do actual Conselho de Arbitragem?
Temos que fazer sempre uma avaliação positiva, desde logo por ser um trabalho que não é gratificado e tudo aquilo que fizerem tem que ser positivo. Com os meios que possuem, muito fazem eles. Se calhar, com mais apoios poderiam fazer muito mais.
O Conselho foi criticado pelo João Pereira que acabou por ser afastado dos exames de acesso?
São críticas injustas, porque se o Conselho tivesse agido de má fé nunca teria enviado o nome ao Conselho Nacional. Eles agiram em consciência, no pressuposto de que estavam a fazer bem, mas os regulamentos tinham sido alterados e o nome que propuseram foi recusado pelo Conselho Nacional. Mas tenho a certeza de que as pessoas agiram de boa fé.
Acredita que existam árbitros capazes de alterar a verdade desportiva de um jogo de futebol?
Eu falo por mim, nunca me aconteceu isso, nem acontecerá. Acredito que não haverá nenhum árbitro que entre dentro de um campo de futebol e já leve o resultado feito, mas se houver, acho que esse árbitro está a mais no futebol e na arbitragem e o melhor o que faz é retirar-se deste mundo, porque não dignifica nada a nossa classe.
De que cor é o seu apito?
O meu apito, agora, é cor de laranja.
Essa escolha não tem conotações políticas?
Não, por acaso é um apito que eu comprei novo.
E o "Apito Dourado" diz-lhe alguma coisa?
A mim, propriamente, não me diz nada. Acho que no processo do "Apito Dourado" existe muito mais alarmismo do que os casos que realmente se passam. Julgo que são questões insignificantes, mas que têm tido muita mediatização, muito alarido e rebentam sempre para o lado dos mais pequenos.
Texto e foto Firmino Paixão in Diario do Alentejo, Junho de 2005