Um jogo do campeonato nacional de iniciados terminou, no último feriado, com uma invasão de campo. Aconteceu no Entroncamento, defrontavam-se o CADE e a U. Leiria, e ao que rezam as crónicas os adeptos que saltaram para o relvado seriam adeptos do clube visitante e tencionavam ajustar contas com o árbitro da partida, desagradados com algumas decisões. Só a intervenção das forças policiais impediu um desenlace mais desagradável, e ao que parece os desacatos continuaram já fora do estádio. Tudo isto num jogo de iniciados. Este exemplo mostra que ainda está tudo, ou quase tudo, por fazer no que respeita à formação desportiva de quem vai assistir a espectáculos, em estádios ou pavilhões. Entende-se que algumas disputas têm fortes consequências emocionais, sendo por vezes difícil esconder a indignação perante este ou aquele incidente, mas num jogo em que intervêm miúdos com 12 ou 13 anos não faz sentido este exemplo de violência e falta de fair-play transmitido por uma invasão de campo. O público destes espectáculos, em que intervêm jovens em formação, tem mais responsabilidades. Porém, também os restantes adultos, inclusivamente os árbitros, devem partilhar dessas responsabilidades: os seus erros podem ter, nestes casos, consequências gravosas quando a sua acção deveria ser essencialmente pedagógica. Em resumo, um jogo de iniciados não pode ser encarado da mesma forma como um jogo de seniores. Nestes casos, o fair-play não pode, nunca, ser uma treta.
Autor: JOAQUIM SEMEANO, 2 Novembro de 2007 - Jornal Record
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