E, de repente, o "fair play" tornou-se uma treta. Longe vão os tempos em que um jogador era aplaudido quando colocava a bola fora das quatro linhas para permitir que um adversário pudesse ser assistido. E o mesmo se passava no momento seguinte, quando a equipa que beneficiara com a interrupção devolvia o esférico ao opositor.Agora, um jogador que envia a bola para fora arrisca-se a… ser assobiado. E pelos adeptos do seu próprio clube, como aconteceu no jogo de sexta-feira, quando o portista Marek Cech “quebrou as regras” desfazendo-se da bola ao ver o belenense Roncatto por terra.Esta questão é muito subjectiva, e mais ainda em países onde está enraizado o hábito de os jogadores passarem mais tempo deitados no relvado do que a disputar uma bola. Assim, para evitar malandrices, manda-se que não se pare o jogo mesmo que um qualquer jogador esteja estatelado e a contorcer-se com dores. Essa decisão cabe ao árbitro. Mas também aqui entramos no mundo da subjectividade e na difícil avaliação (mais uma) dos homens do apito: estará, de facto, o jogador lesionado ou será apenas fita? Para tudo é necessário bom senso e respeito para com companheiros de profissão e público, que paga (e bem) o respectivo bilhete para assistir a um jogo de futebol e não a uma farsa. No entanto, uma coisa parece certa: os árbitros “herdaram” mais um ponto para serem criticados.
Autor: JOSÉ MANUEL PAULINO, Jornal Record, 4/11/2007