domingo, 14 de outubro de 2007

Vítor Pereira admite mau momento do sector

O principal dirigente da arbitragem nacional, Vítor Pereira, reconhece que a época tem corrido abaixo das expectativas no que aos desempenhos dos juízes nas provas profissionais diz respeito. Foi após uma "reunião normal de trabalho" que ontem, em Leiria, juntou a maioria dos árbitros de primeira categoria que o presidente da Comissão de Arbitragem assinalou este mau momento do sector.
"Admito isso", começou por afirmar Vítor Pereira, após a questão que o confrontou com o início de época conturbado. "Somos conscientes e responsáveis, e, portanto, admito isso, mas também é importante dizer que esta equipa tem capacidade para estar ao nível das responsabilidades, das exigências e da competição", prosseguiu, juntando à ideia, simultaneamente, um natural optimismo. "Todos os erros são de mais, um apenas já o é, até porque trabalhamos para atingir a perfeição, mas estou convicto de que temos condições para melhorar, de que o vamos fazer, e de que esta maré vai passar", disse, recorrendo a uma metáfora marinha que alude aos erros em catadupa que ocorreram nas últimas rondas.
Durante a reunião, o líder da Comissão explicou que, além de feito um "balanço dos desempenhos", foi abordada "a utilização dos novos sistemas áudio e a utilização dos centros de treino com os novos técnicos de arbitragem".

Árbitros de I categoria do Porto nos Distritais
Hoje, seis árbitros da primeira categoria vão apitar jogos da Divisão de Honra do Distrital da AF Porto. Algo que Vítor Pereira considera normal. "É habitual, porque os árbitros continuam ligados às respectivas associações e porque é sempre um prazer para clubes e jogadores serem apitados por árbitros de prestígio", disse, referindo-se às actuações de hoje de Jorge Sousa (Coimbrões-Sourense), Artur Soares Dias (Senhora da Hora-Varzea), Paulo Costa (Perafita-Rio Tinto), Paulo Paraty (Candal - Valonguense), Vasco Santos (Vilanovense-Pedrouços) e Rui Costa (Arcozelo-Ataense). Segundo explicou o presidente da Comissão de Arbitragem, a presença dos juízes surge por convite da sua associação e verifica-se noutros momentos da época, mas também acontece "um determinado árbitro de primeira categoria ter um jogo marcado a uma sexta-feira e fazer um jogo dos distritais no domingo. E não apenas no Porto".
Linguagem em código
Um dos pontos mais importantes da reunião foi a discussão sobre a utilização dos novos sistemas áudio, que esta época passaram a ser usados pelos árbitros de primeira categoria. Unanimemente, os juízes admitiram que há muito para melhorar. "Já estamos mais familiarizados com o sistema, mas é bom que as pessoas percebam que o mesmo apenas serve para acelerar o processo de comunicação entre nós", comentou Olegário Benquerença, avançando que, para o aperfeiçoar, os juízes poderão passar a utilizar "uma linguagem codificada". Expressões curtas, próprias do futebol, que vão sendo introduzidas. Assim, os juízes podem combinar antecipadamente uma série de expressões para abreviar o diálogo, sempre perturbado pelos protestos dos jogadores ou pelo barulho do público. "Uma linguagem telegráfica, mais curta e directa", explicou Vítor Pereira.

Penálti? É ou não é?
Paulo Paraty exemplificou uma situação susceptível de gerar controvérsia e que, no seu entender, serve para desculpar o facto de ainda surgirem alguns erros próprios dos primeiros tempos em que se usa um novo sistema. "A adaptação a qualquer novo aparelho leva sempre tempo", disse. Por exemplo, um assistente pode dizer a um árbitro que "não é penálti", mas, devido ao ruído ou a falha no aparelho, o receptor pode não ouvir o "não" e perceber ao contrário.

Nem todos com Platini
Michel Platini, presidente da UEFA, afirmou que a introdução de novas tecnologias se ser "a morte do futebol". Vítor Pereira não está totalmente de acordo, mas aceita "a utilização de câmaras" nas linhas de baliza: "O futebol de hoje não é o de há 40 anos. Antes, não havia 20 câmaras de televisão a fazer com que os árbitros sejam cada vez mais transformados em réus." Paulo Paraty tem opinião idêntica, "desde que não haja paragens de 30 em 30 segundos para entrarem 'majorettes'…"

Paraty no Catar
No dia 21, Paulo Paraty viaja até ao Catar para apitar "três ou quatro jogos" do campeonato nacional. "Naquele país, é a primeira vez, mas já apitei jogos no Japão e na Bulgária", explicou o juiz portuense, agora em final de carreira. "É uma experiência que não tem nada a ver com dinheiro. Tem sim, a ver com o prazer que ainda sinto em arbitrar e, ao mesmo tempo, em representar o meu país e os meus colegas de sector", disse.